Julho Turquesa: Quando o Olho Pede Socorro

A ardência nos olhos, a sensação de areia, a visão turva e o lacrimejamento constante não são meros incômodos passageiros. Esses são sintomas comuns da síndrome do olho seco, uma condição oftalmológica crônica e multifatorial que afeta milhões de pessoas no mundo e tem ganhado cada vez mais destaque com o aumento do uso de telas digitais. É por isso que, em julho, a cor turquesa se torna símbolo de conscientização, educação e alerta sobre esse problema ocular que pode comprometer significativamente a qualidade de vida.

O que é a síndrome do olho seco?

A síndrome do olho seco ocorre quando os olhos não produzem lágrimas suficientes ou quando a qualidade da lágrima não é adequada para manter a superfície ocular lubrificada, protegida e confortável. Isso compromete a estabilidade do filme lacrimal — camada essencial para manter a visão nítida e os olhos saudáveis.

Embora qualquer pessoa possa apresentar a condição, ela é mais prevalente entre mulheres, principalmente após a menopausa, devido às alterações hormonais que influenciam diretamente na produção lacrimal. Idosos, usuários frequentes de lentes de contato, pacientes com doenças autoimunes e pessoas que vivem em ambientes secos ou poluídos também fazem parte do grupo de risco.

Tela demais, lágrima de menos

A campanha Julho Turquesa, apoiada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), tem como foco principal alertar sobre a crescente relação entre o olho seco e o tempo excessivo de exposição às telas. Estar diante de computadores, celulares e televisores por muitas horas reduz drasticamente a frequência e a qualidade do piscar dos olhos, um movimento fundamental para a renovação da camada lacrimal.

Para se ter uma ideia, uma pessoa pisca em média 18 vezes por minuto em repouso, mas esse número pode cair para 3 ou 4 piscadas por minuto diante de uma tela. O resultado é uma distribuição inadequada da lágrima e, consequentemente, um quadro de ressecamento ocular.

A regra 20-20-20: um hábito simples, mas poderoso

Uma dica importante para proteger os olhos no dia a dia é adotar a chamada regra 20-20-20: a cada 20 minutos, desviar o olhar da tela por 20 segundos e focar em um objeto que esteja a 20 pés (aproximadamente 6 metros) de distância. Essa pausa visual favorece a lubrificação natural dos olhos, diminui a fadiga ocular e ajuda a preservar a saúde da visão.

Além disso, especialistas recomendam o uso de lubrificantes oculares, conhecidos como lágrimas artificiais para amenizar o desconforto, além de ajustar o brilho das telas, manter uma boa iluminação no ambiente e posicionar o monitor abaixo da linha dos olhos.

Ambientes que agravam o problema

O ambiente em que vivemos e trabalhamos tem grande influência sobre a saúde ocular. Climas secos, ambientes com ar-condicionado, locais com altos níveis de poluição e exposição constante ao vento podem agravar os sintomas do olho seco. Para minimizar os impactos, recomenda-se:

  • Uso de umidificadores de ar em casa ou no trabalho;
  • Evitar a exposição direta a ventiladores e secadores de cabelo;
  • Utilização de óculos com proteção lateral em ambientes abertos;
  • Abandono do cigarro, que agride diretamente os olhos e prejudica a produção lacrimal.

Alimentação e estilo de vida também contam

Estudos indicam que a alimentação rica em ômega-3 pode ajudar a aliviar os sintomas do olho seco. Esse ácido graxo tem efeito anti-inflamatório e contribui para melhorar a qualidade da lágrima. Boas fontes naturais são os peixes oleosos, como sardinha, salmão e atum, além de sementes de linhaça e chia.

Dormir bem e manter uma rotina de higiene das pálpebras também faz parte do cuidado. A aplicação de compressas mornas pode ajudar na liberação dos óleos das glândulas de Meibômio, responsáveis por manter a lágrima estável e evitar a evaporação precoce.

Quando procurar ajuda médica?

Apesar de ser comum, o olho seco não deve ser ignorado. Sintomas persistentes, como ardência, coceira, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, visão embaçada e sensibilidade à luz, merecem atenção médica. O oftalmologista poderá diagnosticar corretamente a causa do problema e indicar o melhor tratamento, que pode incluir:

  • Lágrimas artificiais ou géis lubrificantes;
  • Medicamentos anti-inflamatórios ou antibióticos, em casos associados a blefarite;
  • Soro autólogo, em casos graves;
  • Obstrução temporária do ponto lacrimal, para aumentar a permanência da lágrima no olho;
  • Tecnologias como luz pulsada e terapias térmicas para estímulo das glândulas.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce do olho seco pode evitar complicações mais sérias, como lesões de córnea, infecções ou até alterações permanentes na visão. Por isso, o Julho Turquesa também reforça o papel do oftalmologista como peça-chave na prevenção e no cuidado com a saúde ocular.

No mês de conscientização da síndrome do olho seco, vale lembrar que a visão é um dos sentidos mais valiosos que temos. Cuidar dela vai além de evitar incômodos, é investir em bem-estar, produtividade e qualidade de vida. Reduzir o tempo de tela, criar pausas conscientes e buscar ajuda médica quando necessário são atitudes simples que podem fazer toda a diferença.

Julho Turquesa é o lembrete de que enxergar o mundo com clareza também passa por enxergar com atenção os sinais de que os olhos nos dão.

Consulte sempre seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica:

OLHO Seco: O que fazer?. [S. l.], [entre 2021 e 2025]. Disponível em: https://visaoemfoco.org.br/noticia/olho-seco-o-que-fazer1596491417. Acesso em: 10 jun. 

2025.CAMPANHA Julho Turquesa faz alerta para relação entre tempo de tela e síndrome do olho seco. [S. l.], 18 jul. 2024. Disponível em: https://sboportal.org.br/noticias/junho-turquesa-relacao-entre-tempo-de-tela-e-sindrome-do-olho-seco. Acesso em: 10 jun. 2025.

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