Automedicação: um hábito perigoso que pode afetar seriamente a visão.

Tomar um comprimido sem prescrição para dor de cabeça, usar pomada indicada por um parente para uma irritação na pele ou aplicar um colírio que sobrou de um tratamento anterior. Se você já fez algo parecido, saiba que faz parte de um comportamento comum, mas extremamente perigoso: a automedicação.

No Brasil, a automedicação é uma prática rotineira. Dados de pesquisas indicam que cerca de 8 em cada 10 brasileiros tomam medicamentos por conta própria. E quando o problema é nos olhos, a situação se repete: é comum recorrer àquele colírio “milagroso” recomendado por alguém próximo. O que poucos sabem, no entanto, é que o uso indiscriminado de colírios, pomadas ou qualquer outro tipo de medicamento ocular pode colocar a saúde da visão em risco.

Neste artigo, vamos entender o que é a automedicação, como ela afeta diretamente a saúde dos olhos e por que essa prática deve ser evitada.

O que é automedicação?

Automedicar-se significa usar medicamentos sem a orientação de um profissional da saúde. Isso pode incluir:

  • Utilizar remédios que sobraram de tratamentos anteriores;
  • Seguir conselhos de parentes, amigos ou redes sociais;
  • Repetir tratamentos por conta própria, sem nova avaliação médica;
  • Comprar colírios ou pomadas sem prescrição.

Essa atitude, por mais comum que pareça, esconde diversos riscos. Afinal, cada organismo reage de forma diferente aos medicamentos, e um remédio que funcionou para uma pessoa pode ser ineficaz ou até perigoso para outra.

Por que a automedicação é ainda mais arriscada quando se trata dos olhos?

Os olhos são órgãos delicados e vulneráveis, com estruturas altamente sensíveis e expostas. Qualquer substância aplicada diretamente sobre eles tem potencial de causar reações imediatas ou lesões duradouras.

Colírios, por exemplo, são medicamentos. Mesmo os que aparentam ser inofensivos, como lubrificantes oculares, devem ser indicados por um oftalmologista. Isso porque cada colírio tem uma composição diferente, com princípios ativos que agem em condições específicas. Usar um colírio inadequado pode:

  • Mascarar sintomas de doenças mais graves (como glaucoma, uveítes ou infecções virais);
  • Atrasar o diagnóstico e o tratamento correto;
  • Agravar inflamações, alergias ou infecções;
  • Causar efeitos colaterais, como ardência, visão turva, aumento da pressão intraocular, entre outros.

O risco invisível: a resistência aos antibióticos

Outro problema grave causado pela automedicação com colírios é a resistência bacteriana. O uso indiscriminado de colírios com antibióticos pode estimular o desenvolvimento de bactérias mais resistentes. Isso significa que, quando houver uma infecção real que exija o uso desses antibióticos, o medicamento pode simplesmente não funcionar mais.

Além disso, o uso incorreto pode provocar reações alérgicas, desequilíbrios da flora ocular e até formação de úlceras na córnea, que são lesões sérias que ameaçam a visão.

Pomadas, cremes e outras armadilhas

Nem só de colírios vive a automedicação ocular. Muita gente recorre também a cremes dermatológicos ou até ginecológicos para tratar irritações próximas aos olhos. Esse é um erro gravíssimo.

Produtos não indicados para uso oftalmológico jamais devem ser aplicados nos olhos ou ao redor deles. A área dos olhos exige formulações específicas, com pH, textura e princípios ativos adequados. Qualquer uso indevido pode causar queimaduras químicas, irritações intensas ou reações alérgicas severas.

Quando procurar ajuda médica?

Qualquer alteração na saúde ocular merece atenção. Diante de sintomas como:

  • Vermelhidão persistente
  • Coceira ou ardência intensa
  • Secreção
  • Inchaço nas pálpebras
  • Visão turva ou embaçada 
  • Dor nos olhos

…o melhor a fazer é procurar um oftalmologista. Só o especialista pode realizar o diagnóstico correto, identificar a origem do problema e indicar o tratamento mais seguro e eficaz. Além disso, doenças diferentes podem ter sintomas parecidos. Um olho vermelho pode ser sinal de conjuntivite, de inflamação na córnea, de alergia ou de glaucoma agudo e cada um desses quadros exige um tratamento completamente diferente. Tratar um sintoma sem entender sua causa é como colocar um band-aid em algo que pode ser muito mais sério.

Cuide bem dos seus olhos

A visão é um dos nossos sentidos mais valiosos, e cuidar dela requer responsabilidade. Evitar a automedicação é uma forma simples e extremamente eficaz de proteger sua saúde ocular. Lembre-se:

  • Não use colírios sem prescrição médica.
  • Nunca utilize medicamentos indicados para outras partes do corpo nos olhos.
  • Leia sempre a bula e observe a data de validade.
  • Guarde os medicamentos corretamente e descarte os vencidos.
  • Procure um oftalmologista ao menor sinal de desconforto.

A automedicação é um hábito comum, mas que pode trazer consequências sérias para os olhos. O uso de colírios e outros medicamentos oculares sem orientação médica pode agravar doenças, mascarar sintomas importantes e colocar em risco a integridade da sua visão.

Portanto, se você sentir qualquer sintoma ocular, resista à tentação de se automedicar. Em vez disso, agende uma consulta com um oftalmologista. Afinal, nada substitui o cuidado profissional e enxergar bem, com saúde e segurança, é um direito que começa com a escolha certa: a de não arriscar.

Consulte sempre seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica: AUTOMEDICAÇÃO: como essa prática pode afetar sua saúde ocular. [S. l.], [entre 2021 e 2025]. Disponível em: https://visaoemfoco.org.br/noticia/automedicacao-como-essa-pratica-pode-afetar-sua-saude-ocular1586200938. Acesso em: 16 jun. 2025.

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