Glaucoma: como a prevenção pode salvar a sua visão

A saúde ocular é um dos pilares para uma vida com qualidade, autonomia e bem-estar. E entre as condições que mais ameaçam a visão, o glaucoma se destaca como a principal causa de cegueira irreversível no mundo. O que torna essa doença ainda mais preocupante é que ela evolui de forma silenciosa, sem sintomas perceptíveis na maioria dos casos,  até que danos significativos já tenham ocorrido. Por isso, falar sobre prevenção é urgente e necessário.

Neste artigo, vamos abordar o que é o glaucoma, quem está mais vulnerável a desenvolvê-lo, os impactos sociais da doença e, principalmente, como o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença para preservar a visão.

O que é Glaucoma?

O glaucoma é um grupo de doenças oculares que têm como principal característica a lesão progressiva do nervo óptico, geralmente associada ao aumento da pressão intraocular (PIO). Com o tempo, essa lesão leva à redução do campo visual e, nos estágios mais avançados, à cegueira.

Existem vários tipos de glaucoma, mas os mais comuns são:

  • Glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA): representa cerca de 80% dos casos no Brasil e é assintomático nas fases iniciais.
  • Glaucoma de ângulo fechado: menos comum, porém com progressão mais rápida e sintomática.

Outros tipos incluem glaucomas secundários (decorrentes de traumas ou inflamações) e congênitos (diagnosticados na infância).

Um problema de saúde pública global

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2 bilhões de pessoas no mundo vivem com algum grau de deficiência visual, e ao menos 1 bilhão desses casos poderiam ter sido evitados. O glaucoma responde por uma parcela significativa dessas perdas visuais, com estimativas indicando que mais de 76 milhões de pessoas conviviam com a doença em 2020 — número que pode ultrapassar 95 milhões até 2030.

No Brasil, estima-se que entre 809 mil e 1,6 milhão de pessoas acima dos 75 anos vivam com glaucoma. Ainda assim, a maioria dos casos segue sem diagnóstico, o que aumenta o risco de progressão para a cegueira.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

O glaucoma pode ser controlado com tratamento adequado, que visa reduzir a pressão intraocular e preservar a função visual. No entanto, não há cura para a lesão já instalada no nervo óptico. Isso significa que quanto mais cedo a doença for identificada, maiores as chances de preservar a visão.

O problema é que muitos pacientes só procuram um oftalmologista quando já há sinais evidentes de perda visual. Nessa fase, o tratamento é mais complexo, mais custoso e menos eficaz.

A boa notícia é que, com exames oftalmológicos regulares, é possível detectar alterações sugestivas de glaucoma ainda nos estágios iniciais. O exame de tonometria (que mede a pressão intraocular) e a avaliação do nervo óptico são ferramentas essenciais nesse processo.

Grupos de risco: quem deve redobrar a atenção

Embora o glaucoma possa afetar qualquer pessoa, alguns grupos apresentam maior risco e devem ser mais vigilantes com sua saúde ocular. São eles:

  • Pessoas com mais de 60 anos
  • Indivíduos com histórico familiar de glaucoma
  • Pessoas negras e descendentes de africanos
  • Pacientes com diabetes, hipertensão arterial ou miopia elevada
  • Usuários crônicos de corticosteroides
  • Aqueles que sofreram traumas oculares ou passaram por cirurgias oftalmológicas

Para esses grupos, recomenda-se pelo menos um exame oftalmológico anual com avaliação do nervo óptico e medição da pressão intraocular.

O impacto social do glaucoma

Além das consequências individuais, como a perda da independência e a piora na qualidade de vida, o glaucoma impõe um peso significativo para as famílias, cuidadores e para o sistema de saúde.

Segundo a OMS, a deficiência visual está entre as principais causas de anos vividos com incapacidade. A doença compromete a capacidade de trabalho, o desempenho escolar e aumenta o risco de quedas e acidentes domésticos, especialmente em idosos. O impacto econômico também é expressivo, somando-se aos custos diretos (consultas, tratamentos, colírios) e indiretos (aposentadorias precoces, perda de produtividade e necessidade de apoio social).

A prevenção como chave para o controle

Embora a prevenção primária do glaucoma ainda não seja possível, já que a origem da doença é majoritariamente genética, outras formas de prevenção são fundamentais:

  • Prevenção secundária: diagnóstico precoce por meio de exames regulares.
  • Prevenção terciária: tratamento eficaz e acompanhamento contínuo para limitar o avanço da doença.
  • Prevenção quaternária: evitar intervenções desnecessárias ou prejudiciais.

Também é essencial fortalecer ações de educação em saúde ocular, tanto para o público geral quanto para profissionais da atenção primária. O conhecimento sobre os fatores de risco, a importância dos exames e os recursos terapêuticos disponíveis pode fazer toda a diferença no combate ao glaucoma.

O glaucoma é uma condição séria, progressiva e silenciosa, que pode comprometer drasticamente a qualidade de vida. No entanto, é também uma das doenças oculares em que a prevenção e o diagnóstico precoce fazem toda a diferença.

Promover o conhecimento sobre o glaucoma é um passo essencial para empoderar as pessoas a cuidarem da própria saúde ocular e ajudarem outras a fazer o mesmo. Especialmente para aqueles que pertencem aos grupos de risco, realizar exames oftalmológicos regulares pode significar preservar a visão e manter a independência por toda a vida.

Consulte sempre seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica: GLAUCOMA, saúde coletiva e impacto social. Revista Brasileira de Oftalmologia, [S. l.], p. 80, 21 abr. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbof/a/kHLnFkWBc6jDWz3sQbvyhtR/. Acesso em: 6 jun. 2025.

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