Blefarite: inflamação nos olhos que pode ser confundida com outros problemas.

Você já acordou com os olhos grudados, coçando ou com sensação de areia nas pálpebras? Se sim, pode ter passado por um episódio de blefarite, uma inflamação bastante comum, mas muitas vezes mal compreendida ou confundida com outros problemas, como terçol e conjuntivite.

Apesar do nome pouco conhecido fora do ambiente médico, a blefarite faz parte da realidade de muitos pacientes nos consultórios oftalmológicos e merece atenção. Neste artigo, vamos explicar o que é essa condição, como ela se manifesta, quais são os tipos existentes e esclarecer os principais mitos e verdades sobre o assunto..

O que é blefarite?

A blefarite é uma inflamação das pálpebras, geralmente na base dos cílios, que pode causar incômodo, vermelhidão, inchaço e sensação constante de irritação nos olhos. Embora seja um quadro não contagioso, ou seja, que não passa de uma pessoa para outra, é crônico e pode ter episódios recorrentes, afetando significativamente a qualidade de vida.

Essa inflamação está relacionada ao funcionamento das glândulas sebáceas localizadas nas margens das pálpebras. Quando essas glândulas não funcionam corretamente, por excesso de oleosidade, inflamação ou infecções, pode ocorrer o entupimento dos ductos, favorecendo o processo inflamatório crônico.

Sintomas comuns

A blefarite pode se apresentar com uma série de sintomas que variam de acordo com o tipo e a gravidade do caso. Os sinais mais comuns incluem:

  • Coceira nos olhos ou nas pálpebras
  • Ardência ou sensação de queimação
  • Olhos vermelhos e lacrimejantes
  • Formação de crostas ou escamas na base dos cílios
  • Sensação de corpo estranho
  • Intolerância à luz (fotofobia)
  • Inchaço ou edema nas pálpebras
  • Olhos grudados ao acordar

Embora esses sintomas possam ser confundidos com conjuntivite ou até um início de terçol, a blefarite costuma ser persistente e recorrente, o que exige atenção e acompanhamento.

Tipos de blefarite

A blefarite pode ser classificada em três tipos principais:

  1. Blefarite seborreica – Está associada à produção excessiva de oleosidade nas glândulas da pálpebra, sendo mais comum em pessoas com pele oleosa ou dermatite seborreica, associados ou não ao demodex.
  2. Blefarite infecciosa – Causada por infecções bacterianas, geralmente por estafilococos. É a forma mais agressiva e pode causar mais irritação e formação de crostas.
  3. Blefarite alérgica – Resultado de reações alérgicas, frequentemente provocadas por cosméticos, colírios ou outros produtos que entram em contato com os olhos.

Cada tipo tem abordagens específicas de tratamento, por isso o diagnóstico correto é fundamental para aliviar os sintomas e evitar complicações.

Mitos e verdades sobre a blefarite

Com tantas informações circulando, é comum que algumas inverdades sobre a blefarite se espalhem. Veja a seguir alguns mitos e verdades sobre essa condição:

Blefarite é contagiosa.

Mito. A blefarite não é uma doença transmissível. Ela não passa de uma pessoa para outra por contato direto, toalhas ou objetos contaminados.

A blefarite pode ter diferentes causas.

Verdade. A doença pode surgir por infecções bacterianas, alergias, distúrbios da pele como a seborreia e até pelo uso inadequado de cosméticos ou colírios.

Compressas ajudam no tratamento.

Verdade. Compressas mornas ajudam a amolecer as crostas e liberar as glândulas sebáceas obstruídas, mas devem ser feitas como parte de um tratamento orientado pelo oftalmologista.

Tratamentos caseiros resolvem a blefarite.

Mito. Apesar das compressas serem coadjuvantes, nenhum tratamento caseiro substitui a avaliação médica. Receitas caseiras podem até agravar o quadro se aplicadas sem critério.

Alergias podem provocar blefarite.

Verdade. Alguns casos de blefarite têm origem alérgica, como reações a cosméticos, maquiagem vencida ou conservantes de colírios. Nesses casos, o primeiro passo é interromper o uso do agente causador.

A blefarite é mais comum em quem tem pele seca.

Mito. Pelo contrário, a condição é mais frequente em pessoas com pele oleosa, pois o excesso de produção de sebo favorece a proliferação de bactérias e o entupimento das glândulas.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da blefarite depende da causa e da intensidade da inflamação. Em geral, combina:

  • Higiene das pálpebras com produtos específicos
  • Compressas mornas
  • Antibióticos/antimicrobianos tópicos ou orais, em casos infecciosos
  • Corticóides tópicos, em quadros inflamatórios mais intensos (com prescrição médica)
  • Suspensão de agentes irritantes em casos alérgicos

Manter uma rotina de limpeza das pálpebras é uma das formas mais eficazes de prevenir recorrências, principalmente nos casos crônicos.

Quando procurar um oftalmologista?

Sempre que houver sintomas persistentes como coceira, ardência, vermelhidão ou sensação de areia nos olhos, o ideal é procurar um oftalmologista. Somente o especialista pode avaliar corretamente a condição, diferenciar blefarite de outras doenças oculares e prescrever o tratamento ideal para cada caso. Ignorar o problema ou tentar tratar sozinho pode levar a complicações, como infecções mais severas, ceratite (inflamação da córnea) e até prejuízos na qualidade da visão a longo prazo.

A blefarite pode parecer um problema simples à primeira vista, mas exige cuidado, atenção e acompanhamento profissional. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para controlar os sintomas, evitar complicações e manter a saúde ocular em dia. Mais do que um incômodo estético ou passageiro, essa inflamação das pálpebras é um sinal de que algo não vai bem no equilíbrio ocular e cuidar dela é também cuidar da sua visão como um todo. Se sentir algo diferente nos olhos, não hesite: consulte seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica: GLAUCOMA, saúde coletiva e impacto social. Revista Brasileira de Oftalmologia, [S. l.], p. 80, 21 abr. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbof/a/kHLnFkWBc6jDWz3sQbvyhtR/. Acesso em: 6 jun. 2025.

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