Junho Violeta: Um Mês para Ver com Mais Clareza o Ceratocone e a Importância da Prevenção

Este mês traz um alerta importante para a saúde ocular: é o Junho Violeta, uma campanha criada para conscientizar a população sobre o ceratocone, uma doença oftalmológica progressiva que pode comprometer significativamente a qualidade da visão. Promovido por especialistas e entidades como o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o movimento tem como lema: “A desinformação pode fazer o paciente sofrer mais do que a própria doença”. Neste artigo, explicamos o que é o ceratocone, seus sintomas, causas, riscos, opções de tratamento e por que este mês é tão importante para ampliar o conhecimento sobre o tema.

O que é o Ceratocone?

O ceratocone é uma doença caracterizada por uma distrofia progressiva da córnea, estrutura transparente e curva localizada na parte frontal do olho. Nessa condição, a córnea se afina e assume um formato cônico, o que compromete a forma como a luz é refratada e, consequentemente, a visão é afetada. A doença pode atingir um ou ambos os olhos e se manifesta geralmente na adolescência, com maior incidência entre os 13 e 18 anos. De acordo com o CBO, a prevalência varia de 4 a 600 casos a cada 100 mil pessoas em todo o mundo.

Sinais de alerta: como identificar o ceratocone?

Em estágios iniciais, o ceratocone pode ser silencioso e não apresentar sintomas evidentes, sendo identificado apenas por meio de exames oftalmológicos especializados. No entanto, com o avanço da doença, o paciente pode perceber:

  • Visão borrada ou distorcida;
  • Astigmatismo irregular;
  • Miopia progressiva;
  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Coceira constante nos olhos;
  • Dificuldade de enxergar à noite;
  • Necessidade frequente de trocar os óculos devido à mudança do grau.

Causas e fatores de risco

Embora a origem exata do ceratocone ainda seja motivo de estudo, acredita-se que a doença tenha um forte componente genético. O histórico familiar está presente entre 6% e 8% dos casos. Contudo, fatores ambientais e comportamentais também influenciam significativamente, como:

  • Coçar os olhos com frequência (especialmente em pessoas com alergias oculares);
  • Dormir fazendo pressão sobre os olhos;
  • Uso inadequado de lentes de contato;
  • Exposição excessiva a raios UV sem proteção.

Diagnóstico e exames

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão do ceratocone. Exames como a topografia e a tomografia da córnea permitem observar alterações no formato, na espessura e curvatura corneana, mesmo antes de sintomas  surgirem. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a chance de controle e estabilização da doença.

Tratamento: cada caso é um caso

O tratamento do ceratocone depende do estágio da doença e das necessidades visuais do paciente. Em fases iniciais, os óculos podem ser suficientes. Quando a visão não é mais corrigida com óculos, partem-se para opções como:

  • Lentes de contato especiais: como lentes gás-permeáveis ou esclerais, que ajudam a regularizar a superfície da córnea;
  • Crosslinking: procedimento que fortalece as fibras de colágeno da córnea, interrompendo a progressão da doença;
  • Anel intracorneano: implantado na córnea para melhorar sua forma e permitir uma visão mais nítida;
  •  Cirurgia com laser associada ao crosslinking: para regularizar a superfície ocular;
  •  Implante de lente intraocular: indicado em alguns casos de miopia ou astigmatismo acentuados;
  • Transplante de córnea: reservado para casos graves em que outras terapias não funcionaram. Apesar de eficaz, o procedimento apresenta riscos como rejeição e falência tardia.

De acordo com o Dr. Renato Ambrósio Jr, especialista em Córnea e Cirurgia Refrativa, o ceratocone é uma doença progressiva e, devido à sua rápida evolução, a correção do grau se torna difícil em função do astigmatismo irregular.

Prevenção: o poder da informação e do autocuidado

Evitar o agravamento do ceratocone passa pelo controle dos fatores comportamentais. Isso inclui:

  • Buscar tratamento para sintomas alérgicos com o oftalmologista;
  • Usar óculos escuros com proteção UV;
  • Realizar consultas oftalmológicas regulares;
  • Alertar familiares em casos de histórico genético.

Junho Violeta: ver para entender, entender para cuidar

Criado em 2018, o movimento Violet June nasceu com o objetivo de promover a educação sobre o ceratocone. Além de divulgar informação de qualidade, a campanha incentiva o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico regular. A mensagem principal é clara: conhecimento pode mudar o curso da doença e preservar a visão.

O oftalmologista é o profissional mais qualificado para cuidar da saúde dos seus olhos. Consultas regulares podem não apenas detectar o ceratocone em sua fase inicial, como também prevenir uma série de outras doenças oculares.

Conclusão

O Junho Violeta é um convite à atenção e à prevenção. O ceratocone, embora seja uma doença crônica e progressiva, pode ser controlado com acompanhamento adequado e informação correta. Cuidar da visão é um gesto de amor-próprio, e tudo começa com o conhecimento.
Compartilhe, previna e enxergue o valor da consciência ocular.

Consulte sempre seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica: JUNHO Violeta: Precisamos falar sobre ceratocone. In: Junho Violeta: Precisamos falar sobre ceratocone. [S. l.], [entre 2021 e 2025]. Disponível em: https://visaoemfoco.org.br/noticia/junho-violeta-precisamos-falar-sobre-ceratocone1593198861. Acesso em: 9 jun. 2025.

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