Os perigos invisíveis dos óculos falsificados: um risco real à saúde ocular

Com a facilidade de acesso a produtos de baixo custo, é comum encontrar óculos escuros ou de grau sendo vendidos em camelôs, feiras e lojas não especializadas. Muitas vezes, o apelo do preço acessível, aliado a um design similar aos modelos originais, faz com que as pessoas optem por essas versões falsificadas. No entanto, o que parece uma simples economia pode representar sérios riscos à visão e à saúde ocular como um todo.

A aparência engana

De longe, os óculos vendidos em camelôs podem até parecer semelhantes aos de marcas confiáveis. Mas é fundamental entender que a função de um óculos vai muito além da estética. Um acessório legítimo, seja de grau ou de sol, é desenvolvido com tecnologia específica para corrigir problemas visuais ou proteger os olhos da radiação solar, além de passar por rigorosos testes de qualidade. Já os óculos falsificados não seguem qualquer padrão técnico e, em muitos casos, são produzidos com materiais de procedência duvidosa.

Óculos de sol: uma falsa proteção

Um dos maiores mitos sobre óculos escuros é o de que lentes escuras, por si só, já oferecem proteção contra a luz solar. A verdade é que, se essas lentes não tiverem filtro contra raios UVA e UVB, elas podem ser ainda mais prejudiciais do que não usar óculos nenhum. Isso acontece porque, com a lente escura, a pessoa abre mais os olhos, pois neste caso a luz está sendo filtrada pela lente escura dos óculos e a pupila se dilata – um mecanismo natural do corpo para permitir maior entrada de luz em ambientes escuros. Com a pupila dilatada e os olhos mais abertos, sem a proteção adequada, os raios ultravioleta têm ainda mais facilidade para atingir a superfície e o interior do olho, podendo danificar estruturas importantes como a córnea, o cristalino e a retina.

A exposição crônica aos raios UV sem proteção adequada pode provocar doenças como catarata precoce, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), pterígio e até câncer de pele nas pálpebras.

Por outro lado, óculos de sol originais e com selo de proteção UV são projetados justamente para filtrar esses raios nocivos. Com eles, a dilatação da pupila não representa perigo, pois as lentes bloqueiam a radiação antes que ela chegue ao globo ocular.

Óculos de grau falsificados: visão distorcida e problemas mais graves

Quando o assunto é óculos de grau, o risco é ainda mais preocupante. Comprar um modelo sem prescrição médica, baseado apenas na sensação subjetiva de melhora na visão, pode causar uma série de complicações. Primeiramente, há o risco de utilizar um grau incorreto, o que pode provocar dores de cabeça, cansaço ocular, visão embaçada, tonturas e até enjoo.

Além disso, muitas pessoas que optam por óculos de grau falsificados acabam postergando a consulta com um oftalmologista. Essa negligência pode mascarar doenças mais sérias e silenciosas, como o glaucoma e a degeneração macular, que têm maior chance de tratamento e controle quando diagnosticadas precocemente.

Óculos de grau originais são produzidos com lentes que respeitam o eixo visual e a distância interpupilar do paciente, além de apresentarem uniformidade na superfície e no grau, garantindo nitidez, conforto e segurança. Já as lentes piratas são frequentemente desalinhadas, com curvaturas irregulares e distorções visuais, obrigando os olhos a um esforço constante para tentar focar corretamente.

Materiais perigosos e falta de ajuste

Outro fator pouco considerado por quem compra óculos falsificados é o material utilizado na fabricação da armação e das lentes. Muitos desses produtos são feitos com plásticos e metais de baixa qualidade, que podem causar reações alérgicas na pele, principalmente na região do nariz e atrás das orelhas.

Alguns metais usados nesses produtos não regulamentados podem, inclusive, conter substâncias tóxicas. Além disso, o ajuste inadequado ao rosto compromete não só o conforto, mas também a eficiência do uso. Óculos mal posicionados podem causar desalinhamento do eixo óptico, prejudicando ainda mais a visão.

Não é só um acessório, é um dispositivo médico

É importante lembrar que os óculos de grau são, tecnicamente, dispositivos médicos. Isso significa que devem ser indicados, prescritos e ajustados por profissionais qualificados, com base em exames oftalmológicos detalhados. Usar um óculos comprado sem qualquer orientação médica equivale a automedicação e pode ter consequências tão graves quanto.

No caso dos óculos de sol, a situação também exige atenção. Eles não são meros acessórios de moda: são equipamentos de proteção individual (EPIs) para os olhos e, por isso, devem conter especificações técnicas que garantam a segurança do usuário.

O barato pode sair caro

Ao adquirir um óculos falsificado, a falsa economia pode custar caro a longo prazo. Problemas de visão não diagnosticados, lesões oculares causadas por raios UV, dores crônicas de cabeça, desconforto visual constante e até danos irreversíveis podem ser evitados com uma simples atitude: consultar um oftalmologista e investir em óculos de procedência confiável.

A saúde ocular deve ser tratada com a seriedade que merece. Nossos olhos são estruturas delicadas, responsáveis por mais de 80% da percepção do mundo ao nosso redor. Proteger a visão é um compromisso com a qualidade de vida.

Antes de comprar um novo par de óculos, seja de grau ou de sol, pense além da aparência e do preço. Priorize sua saúde, marque uma consulta com um oftalmologista e escolha produtos certificados e com garantia de qualidade. Enxergar bem é um direito, mas enxergar com segurança e responsabilidade é um dever com você mesmo.

Consulte sempre seu oftalmologista.

Referência Bibliográfica: OS PREJUÍZOS de usar óculos falsificados. [S. l.], [entre 2021 e 2025]. Disponível em: https://visaoemfoco.org.br/noticia/os-prejuizos-de-usar-oculos-falsificados1586177655. Acesso em: 10 jun. 2025.

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